O primeiro, conheci-o há alguns anos, em Óbidos. O segundo, conheci-o há alguns dias, em Lisboa.
O primeiro é craque com a bola nos pés. O segundo não se sai nada mal com um taco nas mãos.
O primeiro ganha mais de um milhão. O segundo, seguramente que não.
O primeiro intitula-se "o génio da bola". O segundo chama-se "António. António Machado.".
O primeiro é notícia por mudar de camisa. O segundo é quase nota de rodapé.
O primeiro marca golos dentro de campo. O segundo faz hole-in-one pela vida fora.
António Machado, um dos homenageados na cerimónia de comemoração do aniversário da Special Olympics Portugal, foi o vencedor da medalha de prata em golfe, nos Jogos Mundiais de Verão 2007, em Xangai.
Quem diz o António, diz a Sofia ou o Ricardo.
Ou qualquer um dos outros 18 atletas que subiram àquele palco e cujos nomes a minha memória é agora incapaz de recordar.
Bem gravado cá dentro, fica a postura comum a todos.
Independentes das limitações mentais, aqueles atletas demonstram uma atitude que põe a própria vida a fazer continência.
Não acho possível que quem ali esteve presente, não tenha sentido, ainda que por instantes, a insignificância dos seus grandes dramas pessoais.
"ESPECIAIS", de facto.