segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Já desejei ficar a um palmo de distância da boca de várias mulheres. A da Manuela Moura Guedes nunca foi uma delas. [EPÍLOGO]


[Para quem veio parar directamente a este post, antes de continuar, importa ler o post anterior.
Para quem leu o post anterior, pode continuar desde que não sofra de Alzheimer.]


[...]

-VAI APAGAR ESSAS FOTOS JÁ!!!
Perante isto, eu, com calma, disse-lhe que só um juiz é que tem autoridade para me mandar apagar fotos.
Sempre que as pessoas não sabem do que falam, eu, tendo conhecimento sobre os assuntos, não me importo de as esclarecer.
O problema da Manuela Moura Guedes é que confundiu o BBC com um qualquer corredor da TVI.
Também me deve ter confundido com alguns varas verdes que por lá andam.
Ora eu já tive "divergências profissionais" - chamemos-lhes assim - com polícias e até com seguranças do Primeiro-Ministro.
Aquilo é pessoal para fazer inveja a muitos armários.
Não desfazendo a cara feia da MMG, se fosse para largar o xixizinho seria aí.
Ela continuou de dedo em riste.
Eu continuei a argumentar calmamente.
Isto é literalmente verdade.
[Não sei que raio estava o Carlos Soares a fazer que não tirou as fotografias.
Se a mulher resolve mandar-me 2 bananos não havia momento kodac para mais tarde recordar.
]
O que eu me apercebi na altura é que, aquela história de que falar com calma com alguém irritado pode acalmar a pessoa, é mesmo verdade.
Pelo menos foi até ela perceber que eu não ia mesmo apagar as fotos.
Aí, deu mais dois berros e foi-se embora.
No dia seguinte mandou um fax para as redacções a proibir a publicação das fotos com ameaça de procedimentos judiciais.

O post poderia ficar por aqui mas há nesta situação um ponto fundamental que - passando para um registo mais sério - não posso deixar de abordar.
O que a Manuela Moura Guedes invoca é o «direito à imagem».
Há muitas pessoas que dizem que o «direito à imagem» é um assunto que dá pano para mangas.
Eu digo que dá pano para um enxoval completo.
Se de um lado temos o «direito à imagem», do outro temos a «liberdade de imprensa».
É complicado.

-E como é que se pode desempatar este jogo entre «Direito à imagem» VS «Liberdade de imprensa»?

Enquanto não se encontra a resposta perfeita resolve-se com um SIM / NÃO à pergunta "É de interesse público?".
E aqui surge a questão óbvia.

-Quem é que decide o que é de interesse público?

In loco, sou eu, com a autoridade que o número 7018 da minha carteira profissional de jornalista me dá.
Quando chego à redacção, é a minha chefia e o Director.
Em última instância, será um juiz.

-Então e essa situação da MMG é de interesse público?

Se se acha que é apenas a MMG a armar uma peixeirada, não.
Mas eu sou pago para exercitar os neurónios antes de pôr o indicador direito a mexer.
O que eu vi ali foi uma conhecida jornalista de um canal de televisão, que se acha vítima de censura, a intimidar de forma ameaçadora um fotógrafo de outro órgão de comunicação social.

-É de interesse público?
Não tenho qualquer dúvida.


E estão a ver o punho cerrado?

SF_BBC_012.jpg


Aquele uppercut de direita esteve a um triz de ganhar vida.

 
Posted by Sávio Fernandes @ 22:49 ¤
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