sábado, 25 de julho de 2009
O post arranja-aí-um-lençol

                                   
Fui chamado ao gabinete do director.
Oh diabo...!
Enquanto alternava um pé com o outro, mentalmente revia os últimos dias para saber onde tinha sido a pata na poça.
Entrei no gabinete já com a orelha a jeito.
Saí com o ego a sorrir.
Estava há 20 dias no estágio e tinha ali a porta aberta para os quadros da empresa.
Foi o primeiro-grande elogio.
Ao longo destes anos fui coleccionando mais alguns.
De colegas de profissão mas sobretudo das vítimas das flashadas.
Há mesmo quem ligue a agradecer quando o trabalho é publicado.
Houve um dia que fui fotografar o dono de uma empresa e quando regressei à redacção tinha o editor a perguntar que raio tinha feito ao senhor para ele ter ligado maravilhado com o trabalho.
Pode parecer pouco mas sabe a muito e o lombo agradece.
O último elogio que recebi, disseram-me, foi do Acácio Franco.
É um nome que possivelmente não dirá nada à maior parte dos que por cá passam.
Foi um dos melhores na profissão.
Aos 12 anos, para além de estudar e participar em concursos de fotografia, também tinha de se preocupar em arranjar espaço na estante lá de casa.
Só para terem uma ideia de quem falo, foi ele o último a fotografar Salazar com vida.
Na ambulância, depois do outro ter andado a brincar com a cadeira.
Não está no curriculum de qualquer um.
Há meia-dúzia de anos chefiava aquela que era conhecia como a melhor equipa de fotojornalistas do país.
Por um capricho sacana do destino, nunca cheguei a trabalhar sob as ordens do Acácio.
Tão pouco cheguei a apertar-lhe a mão.
Conheço-lhe o trabalho das horas passadas no arquivo a fazer foward.
E das vezes em que o nome dele vem à baila, ali na secção.
Em todas, sem excepção, arrisco-me a apanhar um torcicolo.
Não sei exactamente o que ele disse do trabalho que viu.
Sei que foi um elogio.
Um elogio do Acácio Franco.
E isso basta.

 
Posted by Sávio Fernandes @ 23:42 ¤
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