No mesmo instante, sinto o coração a saltar-me do peito.
Eu salto também. E corro para ela. E agarro-a, abraçando-a.
Tento compreender o que se passa.
Acalmo-me, e acalmo-a.
Deito-a.
Num vai e vem, para aqui e para ali, tenho o 112 a ser digitado na cabeça.
Um copo de água.
E água pelo rosto.
E aos poucos, o regresso da cor.
-Respira fundo.
[Ela respira.]
-´Tás melhor?
-Sim, estou.
-Bebe mais um pouco de água.
[Ela bebe. E respira fundo, outra vez.]
-Vamos ao hospital.
-Não, filho. Estou melhor. Está a passar.
[E eu olhei para mim.
E, numa fracção de segundo, pude ver que estou a anos-luz do filho que deveria ser.
Do filho que quero ser.
Há alguém ou alguma coisa mais importante que a nossa Mãe?
Que o nosso Pai?
Não.
E não.
É tão simples como isso.]
E algum tempo depois, "passou". A tensão voltou ao normal.
Errata: [porque algum rigor nunca fez mal a ninguém] Onde se lê "anos-luz" dever-se-á ler "meses-luz".
[Ainda assim é uma distância demasiado longa. Dêem-me licença, que vou ali encurtá-la e já volto.]