quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Trinta e sete barra dois mil e sete
"Beijar uma mulher que fuma é como lamber um cinzeiro". A frase saiu da boca do Macário Correia.
Eu, lamber, lamber é mais gelados.
Falta-me portanto, a experiência de um dos lados da questão para poder concordar com ele.
De um outro ponto de comparação - daquele em que o conhecimento responde "presente" quando é chamado -, beijar uma mulher que fuma é menos agradável do que beijar uma não fumadora. [Isto, tendo em conta unicamente a perspectiva das papilas gustativas.]
Mas a nova lei não é sobre o sabor das amígdalas alheias.
É sobre respeito. E principalmente, sobre direitos.
O direito de se ir a um bar ou a um restaurante e não ter a comida temperada com nicotina.
Ou o direito de, simplesmente, trabalhar sem ter de inspirar monóxido de carbono em vez de oxigénio.
Que haja quem queira construir uma auto-estrada do pulmão esquerdo ao direito, tudo bem.
Cada um tem os hobbies que quiser. Não os impor aos outros, é algo que parece-me, sei lá, razoável.
Para mim, esta lei só peca por tardia.
O lobby das tabaqueiras, finalmente começa a perder influência.
Ainda assim, há que dar algum mérito ao PS e a José Sócrates.
Quanto mais não seja, o de reconhecer a falta de alternativas resultante das directivas da OMS.
Mais vale tarde que nunca. E aí está ela para ser cumprida e todos podermos respirar. Não só de alívio.
Um dos engenheiros aqui da empresa, fumador, define esta lei como "fundamentalismo".
Eu chamo-lhe civilização.
Nem toda a gente consulta o mesmo dicionário. E a isso se chama Democracia.

[Lei n.º37/2007 - Aprova normas para a protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de redução da procura relacionadas com a dependência e a cessação do seu consumo.
in Diário da República n.º156, de 14 de Agosto de 2007, 1.ª Série]
 
Posted by Sávio Fernandes @ 19:42 ¤
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