Às 10 da noite já sei a agenda do dia seguinte. [alteração radical do dia. Nada de novo, portanto.]
Despertador apontado para as 5:30.
Segue-se a inspecção para não ter surpresas:
-pilhas para o flash... check!
-pilhas para o carregador do flash... double check!
-cartões... check! check! check!
-baterias da máquina... check... not! [vai de mandá-las ter com quem lhes dá o comer]
Procuro a mochila das viagens relâmpago e atiro lá para dentro o indispensável para 1 dia e 1 noite.
Trato da saúde à (amostra de) barba e também dos dentes. A meio do caminho para a cama lembro-me que há uns anos valentes que não molho os lençóis. Para manter a tradição, faço inversão de marcha.
Já com o colchão a descansar-me as costas, começo aquilo que há muito, é uma espécie de ritual [sim, mais um]. A revisão mental do dia, a previsão/organização do dia seguinte (que a maior parte das vezes sai furada), o diálogo com Deus disfarçado de monólogo. Pronto, está tudo.
Fecho os olhos, agora para dormir.
Começo a pensar em nada. [Como é que se pensa em nada? Já pensaram nisso?] Dou por mim a pensar que pensar em nada é pensar em alguma coisa. Dou por mim a pensar que a pensar assim não estou a dormir. Abro os olhos. Dou uma palmada na almofada e viro-me para o lado esquerdo. Fecho os olhos. Respiro fundo e espero...
Espero mais um bocado...
Nada.
Rebolo para a direita e páro antes de acabar o colchão. [a minha caminha tem 1 metro e tal de altura e ir até lá abaixo era capaz de doer qualquer coisita.]
O relógio diz-me que são 1:14. Pego no livro que está ali à mão. Devoro um capítulo num instante. Corro para o seguinte. [vem-me à ideia que ler para adormecer, comigo, não dá resultado.] Guardo o livro e apago a luz. Um, dois, três, vamos lá tentar outra vez.
tentativa número 1...
tentativa número 2...
tentativa número 74293...
Nada.
Som de SMS. Às 2:47. [2:47 é uma hora engraçada para se receber mensagens.] É da Sónia S. a dizer que a hora de saída do jornal foi adiada. [afinal vou poder dormir mais um bocado. Um bocado para além daquele que ainda não dormi. Óptimo.]
Expulso a almofada da cama. [Isto da culpa não pode morrer solteira e há que apurar responsabilidades.] Começo a pensar nos motivos que podem estar por trás do atraso do João Pestana. O único que faz sentido é ele ter apanhado o IC19. Há vezes em que aquilo até de madrugada é pior que um cano entupido.
Olho para o relógio e ele olha para mim. 4:26. Quatro horas e vinte e seis minutos. Da manhã. Por esta altura, questiono-me se valerá a pena adormecer.
A resposta é não.
Só foi pena sabê-la às 5:30.
Em ponto.