Foi de repente.
Na fracção de segundo em que o teu olhar cruzou o meu.
Senti-o então com a mesma certeza que agora sei. És tu o meu sonho, no meu sonho.
Vejo-te perfeita. Nessa tua beleza que dispensa quilos de maquilhagem, sapatos que enganam na altura e roupas que só chamam a atenção dos que só vêem por fora.
Essa tua simplicidade encanta-me, com sinceridade.
Apenas espero a hora de acordar, porque é outra vez, só esta vontade de te ver.
Apenas espero a hora de voltar a adormecer porque é outra vez, também a tua vontade de me ver.
Apenas espero.
E olho-te, outra vez.
E de cada vez, mais perfeita.
Tento encontrar-te defeitos mas perco-me em tudo aquilo que vem de encontro a mim.
Com esses teus passos que marcam o compasso aqui no meu lado esquerdo.
Com esse teu sorriso que ilumina o dia que só então percebo-o realmente dia.
Com esse teu olhar que me irradia cá dentro, todo.
Com todas e cada uma dessas tuas expressões que me dizem tudo - tudo mesmo - que és aí escondida.
E tu sem saber ou sem poder querer, a não ser quando sonho.

Acordo sem ter estado a dormir ou ainda a dormir, nem sei.
Porque no meu sonho és tão real, também.
E a vontade é tão grande, de te tocar para te saber.
Mas o medo é maior, de acordar.
Sonho que acordo enquanto ainda dormes.
E fico ali, só a olhar-te.
A imaginar o sabor dos teus sonhos, a doce.
A decorar o aroma do teu cheiro, perfumado.
A ouvir o teu sorriso, tranquilo.
Fico ali, só à espera que o teu peito se esvazie, para o meu se encher.
E deixo-me assim, em repetições infinitas que não me cansam.
Deixo-me assim, até acordar.

E acordo, mas sem querer.
Só, e só porque despertam-me com a diferença para a realidade.
É então que percebo a distância que ainda falta para o sonho.
Não fez mal, porque sei-o real.
Ainda que num lugar que não aqui e num tempo que não agora.
Sei-te algures e vou ter contigo.
Espera-me, porque a vida segue dentro de momentos.
Até lá.